domingo, 29 de janeiro de 2012

SER SOMBRA...



Já fui sombra e isso me fez entender,que fui a única responsável, pela escolha do mundo em que vivia.

Temos o péssimo hábito, de achar que a vida dificulta as coisas, quando, na verdade, nós dificultamos a vida.

Nos enraizamos num mesmo lugar, esquecendo da amplidão das possibilidades,
e da imensidão das chances que a vida nos oferece todos os dias.

Abrimos mão das tentativas de plenitude, para amargar, num lugar que já conhecemos.  

Não enxergamos os espaços vagos que nos rodeiam, implorando para serem preenchidos com vida.

Não damos chances a nós mesmos.

Nos vinculamos, as nossas próprias definições, as falsas regras, que definimos como corretas.

Somos tão prepotentes, ao ponto de nos definir, quando o ser humano não se define.

Desejos, devaneios e anseios estão sempre a mudar, e com eles mudamos nós, se assim tivermos a coragem de faze-lo.

Não abrimos as portas da vida inteiramente, olhamos pelas frestas o que gostaríamos de viver.

Sonhamos com a completude que vemos em alguns, invejamos internamente, os que tem coragem, e muitas das vezes condenamos pessoas, por não conseguirmos ser como elas são.

Vivemos a deixar lacunas na alma,que não se preenchem nunca.

Carregamos, ironicamente, em nós, o veneno que nos mata dia a dia, nos fazendo serem caminhantes e vazios.

Acovardados pelas nossas próprias escolhas.

Estamos sempre ligados ao Passado, nas coisas que perdemos,
 naquilo que não realizamos, nas ações que fracassamos, no que gostaríamos de ter vivido e não vivemos... 

Presos a isso, não enxergamos Futuro.

Não acreditamos que podemos tudo, se assim quisermos.

As possibilidades de realização estão no presente, e se concretizam no futuro, e em nossa vontade de vivencia-las.

Somos cegos as chances que vem até nos todos os dias, e elas são repetitivas, mesmo que não as reconheçamos.

São as chances que a vida nos presenteia.

Permitimos, muitas vezes, que nosso carrasco interior, seja mais forte que nós. 

Permitimos que a voz de outras pessoas, nos ensurdeça a alma, que matem nossa auto estima, pela profunda falta de fé em nós mesmos.

Permitimos que desarmem nossa coragem, destruam nossos sonhos, os fazendo parecer ridículos.

Covardemente retrocedemos, e nem percebemos que estamos nos deixando manipular, por um modo de pensar oposto ao nosso.

É mais fácil ouvir a voz do outro, que ouvir nossa voz interior.

Porque um dia, se fracassarmos, nos eximimos da culpa e a jogamos ao outro.

É mais fácil ser o coitadinho, que ser o que não venceu.

Nem imaginamos, o quanto é bom saber que pelo menos tentamos, lutamos por aquilo que desejávamos e se não deu certo, foi porque não tinha que ser, mas lutamos para que fosse. 

Enquanto não deixarmos a nossa vontade, e nossos sonhos prevalecerem, jamais seremos dignos deles.

Jamais daremos a nós mesmos o direito da busca e quem sabe , do encontro.

Continuaremos a ser Sombra, daquilo que gostaríamos de ser.


Lucienne Miguel 

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