terça-feira, 25 de dezembro de 2012

*CANSAÇO







Não sei mais quem sou, nem mesmo sei se um dia fui.
Talvez tenha sido mas, creio que, jamais serei novamente.


No meu caminho, entre pedras e espinhos,
 tento enxergar quando foi que pisei em areia macia,
que senti brisa suave e estive numa situação
 em que eu só  fechasse os olhos para sentir o abraço doce da vida.
Não me lembro de tempos assim...


Talvez eu esteja perdendo a memória,
0u quem sabe nunca houveram memórias a serem guardadas.
Momentos de maciez e suavidade não vivi.
Só me lembro de escarpas dos caminhos que trilhei.

Penso que a paz deva ser boa.
Imagino que a tranquilidade seja leve.
Crio em minha mente um mundo diferente.
Tão diferente, que talvez seja inexistente.


Talvez desejar seja me iludir, 
seja criar um mundo que não conheço,
que só vi em filmes e livros, em poemas e canções.
Talvez seja apenas o mundo utópico
 que tanta gente deseja e por isso escrevem, assim como eu.


Apesar de tudo isso, não consigo deixar de desejar
 que um dia seja...
Mas não quero por apenas pequenos instantes,
 na verdade, quero por dias, meses, anos ou
 até só por longos momentos.


Doces e suaves momentos passageiros 
me dariam o que não conheço, mas que me bastariam.
Me livrariam do cansaço de carregar em mim, coisas que só eu sei...



Lucienne Miguel





quarta-feira, 31 de outubro de 2012

*BUSCO...









Caminho pela praia, 
Sem rumo...
Sem prumo...
Perdida!


Onde está a mão,  que segurou tantas vezes a minha?
Onde está a voz, a me dizer tantas coisas?
Onde está  a alegria e a paz, a que eu me acostumara?
Onde estão os pés, a pisar a mesma areia que eu?


Nessa doida sensação de solidão, caminho...
Busco respostas...
Busco a parte faltante de mim.
Busco...


Olho para os lados...
Nada!
Olho para a frente e do mar você não surge.
Olho para o lado,
Estou só, fisicamente só...


De repente percebo que solitária não estou.
Caminho sim, sem companhia.
Acerto o prumo, acho o rumo...
A dor se vai!


Percebo que, mesmo distante,
Jamais estaremos longe.
Neste momento sei que...
Caminharei com você em mim...
SEMPRE!



Lucienne Miguel





quinta-feira, 20 de setembro de 2012

*PEDAÇOS...









Sou feita de pedaços...
Partes que se unem e se compõe.
Sou muitas numa só.
Sou só, em muitas.
Pedaços de mim, que me fazem ser quem sou.



Ás vezes feliz...
Ás vezes triste...
Ás vezes sonhadora...
Ás vezes sem sonho algum.



Sou feita de pedaços.
Pedaços que o tempo criou.
Esculpiu-me pela vida afora.
Moldou-me, conforme a vivência.



Muito me tirou.
Absurdamente me acrescentou.
Me fez melhor...
Talvez maior, quem sabe?



Me fez intensa.
Me fez densa.
Pedaço á pedaço, colados firmemente...
Em cola de dor e amor.



Na verdade, sou feita de pedaços de vida.
Que se compuseram passo á passo,
Pelas trilhas pelas quais passei,
Pelas escarpas que escalei.



Sou abençoada pela vida, em cada pedaço meu...
Em cada canto e recanto, em que abrigo o amor que me move.
Em cada porção que doo...
Em cada porção que recebo.


Sou sim, feita de pedaços!
Pedaços que me fazem ser quem hoje sou...
Pedaços que ainda virão...
E que definirão, quem ainda quem serei.






Lucienne Miguel 




sexta-feira, 17 de agosto de 2012

* A MINHA ANORMALIDADE!






Se ser normal é ser o que vejo, sou completamente anormal.

Na verdade, prefiro ser assim...

Tão anormal, que posso possuir sentimentos sem fim.

Olho para os lados e o que vejo me enoja.

Não tenho a menor pretensão de ser igual, ao que tanto me repugna.

Na minha anormalidade, vivo num mundo á parte.

Sou tida, muitas vezes como idiota, pois não atropelo pessoas.

Imbecil, por não tirar vantagens.

Incompreendida, por vezes sem conta, conjugar o verbo Amar...

Amar por amar!

Amar mendigos, velhos e tudo o que é colocado á parte, por "não servir", como se lixo fossem.

Me veem como um ser absolutamente louco, por desejar dignidade, num mundo tão indigno.

Um mundo onde ser totalmente sem caráter, é ser inteligente...

Onde ser ladrão, também é sinônimo de esperteza.

Onde não enxergar a dor alheia, é normal.

Onde a Solidariedade, é considerada imbecilidade.

Na verdade, não me sinto parte deste mundo...

Nunca me senti!

Tento, juro que tento, muitas vezes entender.

Mas tudo aqui, vai muito além da minha compreensão...

Talvez, porque bem lá dentro de mim, não quero compreender!


Lucienne Miguel




quinta-feira, 26 de julho de 2012

*SAUDADE...






Que saudade é esta, que me invade a alma e deixa oco meu coração? 

Que vazio imenso é este, que toma conta de mim?

Esse desejar constante, daquilo que nunca tive, mas que sinto, de uma forma louca, já ter tido.

Saudades de momentos simples e cotidianos, que não vivi.






Saudade do abraço de chegada, que ainda não dei...


Das quietudes, que dispensam palavras...


De brincar e sorrir sem motivo algum...


De momentos doces e suaves, que invadem meu sonhar.






Saudade do cheiro, que ainda não senti...

Saudade da boca, que ainda não provei...


Saudade dos toques, que ainda não trocamos...


A ansiedade de estar perto, por saber o quão lindo será.




Ah! Que saudade louca de do que ainda não vivi!




Saudade das palavras sussurradas...

Dos gemidos sem controle...

De toques suaves que acordam o corpo...

Das mãos que passeiam por cantos e recantos...


Saudade se fazer o Amor, que ainda não fizemos.






Mas de de forma inexplicável, sei como será, tudo o que nunca tive.


E aqui, em minha alma habita só metade de mim.


E que numa longa espera, anseia pela outra metade...


Metade esta, que me fará completa!






Cá estou eu, do outro lado do Oceano 


A esperar por ti, metade tão imensa de mim!










Lucienne Miguel
























sexta-feira, 6 de julho de 2012

* Relatividade?





Não consigo, por mais que tente, entender o uso da Relatividade, sob a visão das posturas e atitudes, no que diz respeito ao caráter, nem aos sentimentos, que algumas pessoas cultivam.

Para mim, a Relatividade, usada da forma como vejo serem usadas, não são coerentes, são a simples maneira de se dar uma desculpa á posturas incorretas cometidas.

Esta Relatividade, dá as pessoas  o direito de serem impróprias, muitas vezes sem caráter, usando como desculpa, que agem sem a compreensão exata, dos desmandos que cometem.

Em geral, usadas por pessoas que vivem a errar e arrumar desculpas, para si próprias e para os erros que cometem, que em geral lesam alguém.

Olhar para as posturas que tomam, usando-se dessa relatividade, para dar um enfoque conveniente, é criar situações, que se adequem a forma distorcida, com os que estão a praticar tais atos.

Agir, usando aquilo que deram o suave nome de Ética Relativa, é agir sem ética, usando somente, as esfarrapadas desculpas para erros e omissões.


Todos, por menos que se aceite, sabemos a forma correta, ou não de agir.

Nada tem esta definição de Relatividade ...

Não se tem caráter relativo, caráter é algo que se tem, ou não se tem.

Não se tem amor relativo, pois ou se ama, ou não se ama.

Não se tem solidariedade relativa, ou a praticamos ou não.

Não se tem piedade relativa, ou nos compadecemos, ou ignoramos o sofrer alheio.

Não existe verdade relativa, ou se é verdadeiro, ou vivemos de pequenas ou grandes mentiras.


Dar relatividade a essas coisas, é dar á elas uma reformulação.


É  praticar  atos e atitudes se tornem convenientes, e assim, se enganar, ou enganar aos outros, tentando aliviar, o que eu chamo de Consciência.

Na verdade, todos sabemos o que é justo e correto, mas a Relatividade, nos ajuda a mascarar verdades, para que acreditemos que, estamos a agir corretamente.

Agir de forma Absoluta, é a única forma de se viver no Ser e não no Parecer das coisas.

A meu ver é simples analisar e separar o que é a Relativo, do que é Absoluto.

Ser Absoluto, é agir com regras de conduta respeitosas aos outros, indo com minha liberdade de ação, até onde ela termina, para que a do outro comece.

É não usar, não manipular, não enganar, não usufruir, não iludir, não usurpar.

Ser Absoluto, é literalmente, viver em linha reta, sem atropelar pessoas.


 Não usando a desculpa de que se vê, determinadas coisas, que têm definição imutável, mudando-as conforme nosso desejo, ou necessidade, tornando-as mutáveis, para se tornem mais leves, para consciência de quem as comete.

É ter ou não ter regra de conduta honesta e coerente!


Não aceito, pois não compreendo esta forma Relativa de posicionamento perante a vida.


O mais incrível é que, os fazem uso da Relatividade, como algo adaptável a si mesmo, sabem bem, cobrar o Absoluto dos outros. 


Portanto a Relatividade, só cabe aqueles que são Absolutos somente em seu egoísmo, pois creem serem os únicos a terem direitos á usá-la.


Enfim, ser Relativo ou Absoluto, é uma escolha...
É se ter ou não caráter.


Quanto as escolhas, cada um faz a sua.
Escolher ser Absoluta, não é tarefa fácil, nesse Mundo de Relatividades...




Lucienne Miguel


sábado, 30 de junho de 2012

* SEGUIR...




Quando não mais se cabe onde se vive, só temos uma saída, buscar nosso verdadeiro lugar.

Na realidade, esta busca necessita de muita coragem, para nos arriscar ao que ainda não conhecemos.

É como caminhar por estradas não sinalizadas...

Caminhos completamente desconhecidos.

É escalar montanhas, sem saber se vão dar em penhascos, ou em tranquilas planícies.

É temer, mas também se forçar a acreditar, que chegaremos onde desejamos. 

A coragem e a Fé, tem que ser as maiores armas que teremos que levar conosco.

Elas é que serão suportes, ao que quer que venha pela frente.

Quando partir, é a única saída para sobrevivermos, viramos gigantes, pois estamos a lutar por nossas vidas.

Recomeços, podem ser extremante difíceis, mas com certeza e luta, se tornarão compensadores.

Podemos ou não ter algum suporte, mas o maior deles é a busca pela Paz.

É impossível viver sem ela...

Pouco precisamos, materialmente falando, mas muito necessitamos, sentir que somos inteiros, que temos liberdade para viver conforme escolhemos.

Se estamos a doer constantemente, a cura não está onde estamos.

Respirar leve...

Sentir-se liberta de uma vida sem sentido...

Caminhar ereta e em paz...

Se tudo isso habitar num casebre, que pouco tenha, mas que te ofereça o que tanto busca...

Siga teu rumo, mesmo que isso seja arriscar-se completamente.

Viver covardemente, realmente,  jamais te dará o que deseja.

Vá em frente!

Não tema!

Afinal, está em busca somente, de viver em paz.

Arriscar-se não será pior do que, o que se tem no momento.

Busque Viver, pois somente Sobreviver, é pouco demais.

Mas não se esqueça...

Leve na bagagem muita Coragem e Fé em Si Mesma!

Isto, talvez seja metade, da vitória de sua busca.

Siga em frente!



Lucienne Miguel




terça-feira, 26 de junho de 2012

* EU




Sou considerada antiguada, mas não me importo com isso.
Sou, assumidamente, e me orgulho disso.

Fui mãe presente, que educou filhos para terem caráter, humildade e decência.
Mesmo sendo uma menina, a cuidar de crianças.

Tenho algo que se chama Ponderação, que me faz ser alguém que muito pensa.
Não gosto de cometer erros, sejam eles quais forem.

Cultivo a Solidariedade e o Amor, coisas hoje quase inexistentes,
 mas que para mim, são essenciais.
Não acredito em se viver sem se doar.

Tenho personalidade própria.
Não mudo com o vento, nem com as conveniências.

Tenho caráter, e mantenho isso como uma grande vitória.
Na verdade, é difícil que compreendam tal coisa, num mundo sem ética.


Ainda acredito que, mulheres cuidam dos seus homens, sendo seu suporte.
Mas que, também cuidam como amantes.


Acredito na verdade e a cultivo sempre.
Mentiras não acrescentam, para quem, como eu, crê que a vida é somar.


Mas não sou perfeita, nem  tenho a pretensão de se-lo.
Mil defeitos me habitam.


Sou triste por natureza, ou por vivências, não sei bem definir.
Mas, pouca coisa me alegra.


Não grito, nem esbravejo, se posso evitar.
Mas sei quebrar cristais, com poucas e duras palavras.


Tenho espírito livre, alma liberta de preconceitos.
Mas me prendo a coisas, muitas vezes sem sentido.


Gosto de cuidar de mim.
Mas tenho dias de total desmazelo.


Não sou classuda.
Amo pés no chão e vestido velho . 


Gosto de banho de rio, pois na água me refaço.
Se não a tenho, me perco de mim.


Não sou equilibrada.
Facilmente caio.


Amo infinitamente...
Mas não esqueço mágoas.


Erro, tropeço, caio.
Mas nada me mantém no chão.


As vezes choro compulsivamente.
As vezes lágrimas caem, quietamente.


As vezes apenas sorrio.
Mas algumas vezes me pego a gargalhar.


Amo quase tudo.
Mas se não gosto, nada me fará gostar.



Na verdade, sou comum.
Humana e imperfeita, e as vezes desumana.


Mas é assim que sou.
Nada posso contra minha essência.


Se me aceitam, ou não, pouco importa.
Não deixo de ser quem sou, por ninguém.




Lucienne Miguel
























quinta-feira, 21 de junho de 2012

*ABRACE O INCERTO!!!







Aceitar que a realidade modifica nossas ações e nosso modo de pensar, pode ser a maneira de tentar fazer algo, que mude o que nos está a incomodar, e tornar nossas vidas o mais próximo possível daquilo que desejamos para nós.

Tudo pode, ou não ser permanente.
Tudo dependerá, de que aquilo que deseja, seja realmente como pensou que fosse.

Quando a Impermanência, é o que está a te reger e incomodar, é porque alguma coisa está errada, no contexto daquilo que está vivendo.
Algo não está se encaixando em sua Alma.

Sua vida, na realidade, deve estar distante daquilo que deseja para si.

Creio que a vida nos apresenta oportunidades de mudança á todo momento, e 
agarrá-las pode ser, uma maravilhosa chance de mudança.

Mas isso dependerá sempre de suas atitudes, e de sua coragem em arriscar-se.
As possibilidades, estão sempre presentes, mas  nossa covardia e nossa falta de amor por nós mesmos, nos faz perde-las constantemente, ao tentar ignorá-las.

Concordo que, nem sempre, se realizam com imaginamos...
Mas como saber, se não tentarmos?

Ao aceitarmos que as incertezas sempre farão parte de nossas vidas, aceitaremos melhor, algo que não se concretize, conforme imaginamos.

Na verdade, se tudo fosse seguro e previsível, jamais nos arriscaríamos, jamais sentiríamos o sabor de ter tentado e a maravilha de termos conseguido.

A opção entre o arriscar-se e o viver na mesmice, é a escolha de vivermos acomodados e insatisfeitos, com a vida e conosco.

É escolher viver de cansaços opcionais...
De questionamentos sem respostas...
De dores repetitivas...

É escolher viver cheios de Nada!

Não se arriscar, é escolher se Estagnar.
O que estagna, apodrece.
Morre pouco á pouco.

Existe uma frase simples, básica e certeira...
"Se eu mudo, tudo em minha volta muda!"

Está é uma realidade que pode trazer toda a diferença ao nosso viver.

Mas até onde estamos dispostos á mudar?
Até onde caminharemos para buscar?
Quanto somos capazes de abandonar nossa prepotência?

 Quando teremos coragem de fazer o "Mea Culpa" e assumirmos que estamos errados?
Quando enxergaremos que, nossa covardia é algo que nós cultivamos?
Quando teremos a coragem de nos enfrentar e, correr riscos?

Talvez o medo de correr riscos, seja o maior risco que estejamos a correr.

Ter medo de corre-los é ignorância de nossa parte, pois mesmo estagnados na vida, eles nos rodeiam o tempo todo.

Tentar novas possibilidades, novas vivências, novas atitudes, novas ações, modificações muitas vezes necessárias, as quais tentamos não enxergar, com certeza nos darão mais chances de acertos, que cruzar os braços á elas.

Pense bem!
Talvez esteja passando da hora de deixar de ser covarde ...
Encarar de frente mundo e a vida...
Se abrir ao desconhecido desejado...
Descobrir, o que há além, do Pequeno Mundo onde está.

Tentar é, acreditar em si mesmo.
Tentar é, ter orgulho de quem somos.
Tentar, é descruzar os braços para abraçar a Vida!


Abraçar o incerto e ai sim...
Ser dono do próprio destino.

Será a mudança da Estagnação, para a Evolução !


Lucienne Miguel































sábado, 26 de maio de 2012

*METADES





Quando não havia mais sonhos.
Mortos entre desencantos.

Quando não havia mais luz.
Quando tudo parecia, que seria sempre igual.

Que sempre, mesmo em momentos felizes,
Um vazio, nunca era preenchido.

Um questionamento constante,
Do porque da insatisfação sem motivos...

Quando a certeza de que nada jamais mudaria,
O destino, trouxe com o vento, uma rajada de mudanças.

A vida havia reservado uma surpresa, 
E eis, que ela chegou, embrulhada em forma humana.


Era o fim da busca e, a percepção do porque, de tantos vazios e desencontros.
Era um reencontro, de duas almas, que se conheciam há muito tempo.

Mas a vida é sábia...
Precisava de tempo para moldá-los.

Uma transformação necessária,
Para que, ao se reencontrarem, se reconhecessem.

Almas, que há muito se buscavam, inconscientemente,
Se encontraram bruscamente, e se reconheceram, quase que imediatamente.

Mesmo sem compreenderem o que estava a acontecer,
Se compreendiam e se completavam inteiramente.

Metades separadas pelo destino...
Unidas agora pela vida.

Juntos são inteiros e, mesmo que distantes,
São mais próximos e cúmplices, que muitos que vivem juntos.

Enfim, aguardam o momento tão sonhado,
O do encontro, da Completude das Almas.

Tentar compreender?
Não há necessidade, não faz sentido algum...
Quando o único sentido, para Metades, é Viverem Inteiros.



Lucienne Miguel





terça-feira, 22 de maio de 2012

* ELA











Durante muito tempo, ela caminhou por áridos caminhos.
Duros, doloridos e solitários caminhos .
Muitas vezes, sem nem perceber tanta aridez.
Sem nem enxergar,  por onde andava.



Caminhou só.
As mãos, que se estenderam em sua direção,
Não eram mãos de compreensão e acolhimento, 
Eram sim, para usufruir do que ela tivesse a oferecer.



Suas dores, chorou em prantos de abandono.
Sem consolo, sem acolhida.
Suas lágrimas, ela mesma as secou.
Ou deixou que o vento as secasse.



Ouviu palavras bonitas, que nada diziam.
Ouviu promessas, que jamais se cumpririam.
Palavras soltas ao vento, 
Mas sempre, com alguma suja intenção.



Boas intenções, não encontrou.
Acreditou... Sonhou... 
 Caiu nas armadilhas da falsidade.
Quase morreu, no Mundo dos Desencantos .



Afinal nada foi...
Lixo usado, descartado a beira do caminho.
Pois não tinha mais utilidade.
Não despertava mais interesse.



Se perdeu, no vazio da existência.
Morou, na fria estação da desilusão.
Amargou, no escuro da descrença.
Comeu, do seco pó da Vida.



Cruzou  pelo caminho, as vezes sádicos,
Outras vezes loucos.
Algumas vezes loucos e sádicos,
Habitando um só ser.



Perdeu-se da fé.
Abandonou a crença.
Extirpou os sonhos.
Seguiu em frente.



Ela ainda caminha por ai,
Cabeça baixa, alma vazia, olhos tristes.
Em trilhas de montes escarpados.
Mas consciente, de não mais esperar nada, de quem nada tem a dar.



Caminha... 
Só caminha... 
Aos farrapos...
Caminha só.




Lucienne Miguel