sábado, 26 de maio de 2012

*METADES





Quando não havia mais sonhos.
Mortos entre desencantos.

Quando não havia mais luz.
Quando tudo parecia, que seria sempre igual.

Que sempre, mesmo em momentos felizes,
Um vazio, nunca era preenchido.

Um questionamento constante,
Do porque da insatisfação sem motivos...

Quando a certeza de que nada jamais mudaria,
O destino, trouxe com o vento, uma rajada de mudanças.

A vida havia reservado uma surpresa, 
E eis, que ela chegou, embrulhada em forma humana.


Era o fim da busca e, a percepção do porque, de tantos vazios e desencontros.
Era um reencontro, de duas almas, que se conheciam há muito tempo.

Mas a vida é sábia...
Precisava de tempo para moldá-los.

Uma transformação necessária,
Para que, ao se reencontrarem, se reconhecessem.

Almas, que há muito se buscavam, inconscientemente,
Se encontraram bruscamente, e se reconheceram, quase que imediatamente.

Mesmo sem compreenderem o que estava a acontecer,
Se compreendiam e se completavam inteiramente.

Metades separadas pelo destino...
Unidas agora pela vida.

Juntos são inteiros e, mesmo que distantes,
São mais próximos e cúmplices, que muitos que vivem juntos.

Enfim, aguardam o momento tão sonhado,
O do encontro, da Completude das Almas.

Tentar compreender?
Não há necessidade, não faz sentido algum...
Quando o único sentido, para Metades, é Viverem Inteiros.



Lucienne Miguel





terça-feira, 22 de maio de 2012

* ELA











Durante muito tempo, ela caminhou por áridos caminhos.
Duros, doloridos e solitários caminhos .
Muitas vezes, sem nem perceber tanta aridez.
Sem nem enxergar,  por onde andava.



Caminhou só.
As mãos, que se estenderam em sua direção,
Não eram mãos de compreensão e acolhimento, 
Eram sim, para usufruir do que ela tivesse a oferecer.



Suas dores, chorou em prantos de abandono.
Sem consolo, sem acolhida.
Suas lágrimas, ela mesma as secou.
Ou deixou que o vento as secasse.



Ouviu palavras bonitas, que nada diziam.
Ouviu promessas, que jamais se cumpririam.
Palavras soltas ao vento, 
Mas sempre, com alguma suja intenção.



Boas intenções, não encontrou.
Acreditou... Sonhou... 
 Caiu nas armadilhas da falsidade.
Quase morreu, no Mundo dos Desencantos .



Afinal nada foi...
Lixo usado, descartado a beira do caminho.
Pois não tinha mais utilidade.
Não despertava mais interesse.



Se perdeu, no vazio da existência.
Morou, na fria estação da desilusão.
Amargou, no escuro da descrença.
Comeu, do seco pó da Vida.



Cruzou  pelo caminho, as vezes sádicos,
Outras vezes loucos.
Algumas vezes loucos e sádicos,
Habitando um só ser.



Perdeu-se da fé.
Abandonou a crença.
Extirpou os sonhos.
Seguiu em frente.



Ela ainda caminha por ai,
Cabeça baixa, alma vazia, olhos tristes.
Em trilhas de montes escarpados.
Mas consciente, de não mais esperar nada, de quem nada tem a dar.



Caminha... 
Só caminha... 
Aos farrapos...
Caminha só.




Lucienne Miguel




























domingo, 20 de maio de 2012

*ALMAS GÊMEAS




Somos caminhantes do Tempo...
Viajantes da Eternidade...
Companheiros de muitas jornadas.



Vivendo em desencontros,
Nos buscando, em outros encontros.
Numa busca constante, de algo a nos preencher.
Nos perdendo, pelas trajetórias da vida.



E nessa busca, acumulamos histórias.
Vivemos experiências...
Nos buscando em vidas separadas...
Tentando, mesmo sem saber... Nos Reencontrar.



A Vida, tem seus Caminhos.
O Tempo, sua Hora.
O Reencontro, seu Momento.
Nada muda isso.



E de repente, sem explicação... Acontece!
Emoções eternas se mostram, rápidas e escancaradamente.
Sentimentos tão escondidos de nós...
Mas tão latentes, imensos e urgentes.



Num encontro, de Almas separadas, a tempo demais.
Surgem os sinais...  Dos pedaços  que nos faltavam.
E, entendemos enfim, o vazio que sempre nos habitou.
Pois, o que o preencheria, acabamos de reencontrar.



E  numa louca vivência, mesmo que distantes,
Descobrimos que só somos inteiros,
Quando juntos estamos...
Não importando mais, nem o Tempo, nem o Espaço.


Enfim, nos Reencontramos!


Lucienne Miguel













sexta-feira, 18 de maio de 2012

*POBREZA!




A pobreza verdadeira, não é a falta de dinheiro.
É a inexistência, de tudo aquilo que nos faz Existir.
É a completa falta, dos sentimentos, que nutrem o espírito.



Nada somos, se nada sentimos de bom.
Nada teremos, se não nos doarmos, nem que seja em pequenos gestos de amor.
Nada sentiremos, enquanto deixarmos que o egoísmo nos comande.



Todos somos portadores dos bons sentimentos.
Muitos, escolhem afogá-los, em meio á mágoas e rancores.
Alimentando-os todos os dias, interminavelmente...



Ser estéril, do que realmente vale a pena,
É a insana escolha, de se viver em terreno infértil.
Nada brota em terra seca e dura.



A  mais profunda pobreza, é a que escolhemos carregar em nós.
É a completa miséria da alma.
É a total falta de respeito por nós e pelos outros.



É cultivar o abandono, pois se vive a abandonar.
É nada receber, pois nada se está disposto a dar.
É a tola crença, de que tudo tem que ser como desejamos. 



Sem dúvidas, é um estado de miséria profunda.
Onde nada se tem...
Onde nada floresce.



É fome constante, pois nada preenche o coração.
É frio eterno, pois nada aquece a alma.
É o abandono de tudo o que poderia ter sido, se fossemos mais humanos.



Uma ignorante e fatal escolha.
A morte, em leito vazio de acolhimento e carinho.
É o mais absoluto e solitário, viver- morrendo.



O dolorido e solitário fim, cheio de questionamentos.
Esta é a mais intensa miséria humana.
O das escolhas insanas, ou do jamais escolher, pois nada é bom o bastante.



É a suprema prepotência...
Puro egocentrismo tolo.
Dar vida ao que nada vale, e matar o que realmente tem valor.



Se esta foi sua escolha...
Em suas últimas horas, não se questione.
Pois estará a receber, a pobreza da miséria que plantou.



Infelizmente, se sua escolha não foi "SER", e escolheu somente "TER".
Usar, usufruir e destralhar-se, sem pensar em nada, somente em si mesmo.
Nada poderá mudar o final de sua história de misérias.



Quem passa a vida a cavar buracos ocos,
É nele que irá perecer.
Esta é a lei do Semear...
Da qual ninguém... Nem mesmo você, escapará. 




Lucienne Miguel







quinta-feira, 17 de maio de 2012

* Me Ame!





Me faça amor!
Mesmo que distante...
Me ame!


  
Mesmo que eu não te veja...
Mesmo, que não possamos nos tocar...
Me ame!



Mesmo que seja em sonhos...
Me faça amor!
Como se me amasse, se juntos estivéssemos.



Me ame!
Mesmo que você, só me toque em sua mente...
Me faça sua, completa e inteiramente.



E mesmo que distante, eu te sinta me amar.
Pois só assim, mesmo que em devaneios...
Estarei eu, também a te amar.



Tão profunda e plenamente,
Como se conseguíssemos nos tocar .
Fazer desse amar, algo tão real, que possa transcender qualquer sonho...



Lucienne Miguel


quarta-feira, 16 de maio de 2012

*SENTIR...




Nos sentimentos, tentar entender os motivos...
Compreender razões...
Tentar decifrar hipóteses...
Buscar porquês...



É colocar, pequenas barreiras.
É tentar achar, uma rota de fuga.
É fugir, do que se está a sentir.
É se acovardar,  perante os sentimentos.



Colocar o coração, em guerra com a razão,
Não te eximirá do sentir.
Não te fará imune de nada,
Nem do pensar.



Sentimentos não tem motivos...
Não tem razões...
Não tem lógicas...
Só tem as sensações.



O sentir, é sublime.
É humano.
É estar plena.
É estar viva.



Por isso te digo...
Se sentir... Viva Plenamente. Intensamente
Independente do tempo e do espaço, desvinculada da razão.
                         Não queira coerência, onde não há coerência alguma.




Permita-se ser livre...
Permita-se ser leve...
Permita-se sonhar...
Permita-se amar!



Não se questione...
 Sinta!
 Viva!



Lucienne Miguel


*ABRAÇO




Um Abraço, não é somente o encontro de dois corpos.
Ele vai, muito além do toque...
Fala, numa linguagem muda.




Ah! O abraço!
 É  mais que um abraço,
Ele é uma das formas mais lindas...
De dois corações se tocarem.




O abraço diz, te acolho.
Te  aconchego.
Te acalento.




Um abraço fala, nos momentos de alegria,
Entre risadas de felicidade :
-Estou a festejar coisas boas!




O abraço, é sempre mais que só um abraço.
É um tocar, que alivia, ou cura,
Nos momentos de dor.




O abraço, é a manifestação física mais ampla.
É a demostração dos sentimentos, que nos vão na alma.
Abraçar é se suavizar,como perdoar e, ser perdoado.




Um abraço, nos unifica.
Corpos, cheiros, sentimentos...
A dizer um ao outro:
Amo-te, porque, 
Simplesmente te quero,
Te quero, porque simplesmente, Te Amo.






Lucienne Miguel














segunda-feira, 14 de maio de 2012

LUZ...




Quando tudo parece ter ido embora.
Quando a vida deixa de fazer sentido.
Apagamos a Luz, que existe em nós.



Mas nada é para sempre.
A vida muda a todo instante.
E, de repente, surge de algum lugar, alguém a nos resgatar.



Vem como mágica, 
Surgido, de algum canto escondido.
Traz com ele, a cura,
Num unguento de ternura.



Nos ilumina e encanta.
Faz com que acreditemos que somos especiais.
Aquieta nossa alma, adoça nosso coração.



Nada disso tem explicação.
É tudo tão mágico...
Tão avassalador...



Tento entender, a Luz que entrou, pela fresta da minha janela,
A iluminar, o que tão escuro estava.
Ao mesmo tempo, nada quero entender...
Quero deixá-la brilhar, pelo tempo que durar. 



Lucienne Miguel








sábado, 12 de maio de 2012

* BUSCA





Tem dias que parece que vamos explodir.
São dias em que literalmente, nos rasgamos em dúvidas.
Nosso mundo vira de cabeça para baixo.
Tudo vira dor dentro da gente.



Num louco redemoinho de sensações, emoções e sentimentos.
Numa louca vontade de virar pó sumir no vento.
Uma mistura de desnorteios e questionamentos .



É hora de parar...
Respirar...
Aquietar a alma.



Esta é a hora em que toda nossa força tem que ser utilizada.
Para enfim...
Tomarmos impulso.
Sairmos de onde estamos.



É hora de ter coragem.
É hora de buscar algo que nos aquiete.
É hora de mergulhar sem medo.



Trilhar novos caminhos,
Mesmo sem saber onde irão dar.
Arrancar de dentro de si, a coragem necessária para mudar
Hora de se armar de Fé na vida.



Pois este, é só mais um Recomeço...



Lucienne Miguel

* OUTONO








Quando parecia que, a Primavera enfim viria, o Outono invadiu minha vida .

Um vento forte, que veio derrubar, minhas flores de Sonho.

A vida em mim, pulou uma estação.

Veio tão violento e inesperado, que varreu tudo ao meu redor.

Me tirou do rumo.

Me fez perder o prumo.

Acinzentou meu colorido.

Esfriou minha alma.

Feriu o caule da minha existência.

Secou meus sentidos...

Espalhou minhas folhas por todos os cantos.

Folhas, onde eu escrevia , minha utópica história de felicidade....



Lucienne Miguel


  

quarta-feira, 9 de maio de 2012

MEUS 51...






Passei de meio século de vida...

Nunca imaginei que chegaria aqui, não sei por que, mas não imaginava que pudesse ir tão longe.

Hoje, vejo que meio século, não é tanto tempo assim, pois apesar de muitas lições aprendidas, umas tantas outras me faltam aprender.

Apendi que, a vida é curta demais para que eu carregue arrependimentos, mas longa o bastante, para que eu, vá em busca do que ainda, não realizei.

Aprendi que, devo sempre me vincular as coisas boas que me aconteceram e que cada história que nada acrescentou, ou que me tirou algo, deve ser riscada do meu Livro da Vida.

 Páginas a serem queimadas, na Fogueira do Esquecimento.

Apesar disso, não devo carregar arrependimentos por tê-las vivido, pois cada dor, deixou-me marcas, mas também lições imensas.

Aprendi que, seja qual for a situação, ela sempre será reversível, se eu assim o desejar. 

Tudo dependerá sempre, da força de vontade que eu esteja disposta a usar.

Nada, absolutamente nada, muda, sem que tenhamos que travar alguma batalha.

Aprendi que, muitas pessoas passam pela nossa vida, algumas se vão, mas sempre deixarão lembranças, sejam  boas ou ruins.

As que se vão, é porque o ciclo delas ao nosso lado terminou, se deixaram boas coisas, serão eternas, se não, serão meras passageiras esquecidas pelo tempo.

 As que ficam se tornam pedaços da gente, são as que merecem todo nosso carinho, respeito e admiração, pois não “abandonaram o barco”, nem em mar revolto.

Aprendi que, as boas lembranças, devo guardar em um cantinho especial, as más, enterro bem fundo e, se der, planto uma árvore,  para que elas se transformem em adubo, de onde nascerá algo bom.

Aprendi que, por mais que desejemos algo, isso não significa que o teremos.

Aprendi também, que Tentar é um ato de amor por mim e não desperdiçar oportunidades, seja por receio ou por falta de crença em mim mesma, é me delegar ao plano de que não tenho merecimento, ou capacidade para conseguir.

De forma alguma, isso quer dizer que conseguirei sempre, o que não define que fracassei, mas deixar as tentativas de lado, ai sim, será me assumir como um fracasso.

Aprendi que, existem sonhos que nunca sairão da posição de Sonho, pois sua realização, independem  da gente.

Sonhos que se realizam, são aqueles que só podem ser concretizados por nós mesmos, sem que o vinculemos a alguém que possa nos ajudar a realiza-los.

Aprendi que, nossos sonhos, são nossos sonhos e de mais ninguém.

Aprendi que, Amar não significa que serei amada, e que isso muda toda minha a história e minha forma de ver, e viver a vida.

Mas aprendi também que, o Amor não morre jamais, se transmuta, e que afeto, jamais é desperdício de sentimento.

Aprendi que, passar pelo tempo sem distribuir amor, solidariedade, aconchego, carinho, respeito, consideração e todos os bons sentimentos, será passar por este milagre, chamado Vida, e não tê-la vivido.

Ter habitado este Planeta, repleto de possibilidades, e pessoas maravilhosas, ignorando o que se apresenta, é viver no Mundo do Vazio.

Aprendi que, se Deus colocou obstáculos em minha vida, é porque acreditou que eu teria forças para transpô-los, e assim o fiz até hoje.

 ELE não errou, fui eu que duvidei de mim muitas vezes.

Aprendi que, aos 50anos desejei Recomeçar, ou Começar a viver, levei meio século para enxergar e assumir que desejo tudo o que puder e tiver o direito de viver.

Agora ,um ano depois, olho para vida com outros olhos, talvez mais mansos, mais sábios, mais desconfiados, mas com certeza, mais intensamente.

Tenho tempo...

Aprendi que mesmo aos 51 anos, mora em mim, uma garota cheia de vontades, curiosa, sonhadora, livre, leve e solta, que não passou dos dezoito anos, só que com uma bagagem muito maior de consciência.

Posso tudo que eu desejar, desde que eu me mantenha, onde acredito ser correto, senão, não conseguiria conviver comigo mesma.

 Não quero atropelar, nem usar pessoas, para satisfazer um Ego tolo.

Quero a consciência tranquila, de quem luta limpamente pelo que deseja, não brincando com a vida, nem com sentimentos, permanecendo sempre naquilo que me faz bem...

 Ser realmente quem sou.

Aprendi que, assim vou caminhar pela vida, pouco importando a quantidade de anos e sim, com a quantidade de Vida que pulsa em mim.

E desta forma, continuarei acreditando que a vida tem muito a me oferecer, é só necessário que eu abra os braços escancaradamente, completamente disposta, a receber e abraçar o que me é oferecido, sem me perder da minha Essência.


                                                               Lucienne Miguel

Photo by Raquel Villela