Passei de
meio século de vida...
Nunca
imaginei que chegaria aqui, não sei por que, mas não imaginava que pudesse ir
tão longe.
Hoje, vejo
que meio século, não é tanto tempo assim, pois apesar de muitas lições
aprendidas, umas tantas outras me faltam aprender.
Apendi que,
a vida é curta demais para que eu carregue arrependimentos, mas longa o
bastante, para que eu, vá em busca do que ainda, não realizei.
Aprendi que,
devo sempre me vincular as coisas boas que me aconteceram e que cada história
que nada acrescentou, ou que me tirou algo, deve ser riscada do meu Livro da Vida.
Páginas a serem queimadas, na Fogueira do
Esquecimento.
Apesar
disso, não devo carregar arrependimentos por tê-las vivido, pois cada dor,
deixou-me marcas, mas também lições imensas.
Aprendi que,
seja qual for a situação, ela sempre será reversível, se eu assim o desejar.
Tudo dependerá sempre, da força de vontade que eu esteja disposta a usar.
Nada,
absolutamente nada, muda, sem que tenhamos que travar alguma batalha.
Aprendi que,
muitas pessoas passam pela nossa vida, algumas se vão, mas sempre deixarão lembranças, sejam boas ou ruins.
As que se
vão, é porque o ciclo delas ao nosso lado terminou, se deixaram boas coisas,
serão eternas, se não, serão meras passageiras esquecidas pelo tempo.
As que ficam se tornam pedaços da gente, são
as que merecem todo nosso carinho, respeito e admiração, pois não “abandonaram
o barco”, nem em mar revolto.
Aprendi que,
as boas lembranças, devo guardar em um cantinho especial, as más, enterro bem fundo
e, se der, planto uma árvore, para que
elas se transformem em adubo, de onde nascerá algo bom.
Aprendi que,
por mais que desejemos algo, isso não significa que o teremos.
Aprendi
também, que Tentar é um ato de amor por mim e não desperdiçar oportunidades,
seja por receio ou por falta de crença em mim mesma, é me delegar ao plano de
que não tenho merecimento, ou capacidade para conseguir.
De forma
alguma, isso quer dizer que conseguirei sempre, o que não define que fracassei,
mas deixar as tentativas de lado, ai sim, será me assumir como um fracasso.
Aprendi que, existem
sonhos que nunca sairão da posição de Sonho, pois sua realização, independem da gente.
Sonhos que
se realizam, são aqueles que só podem ser concretizados por nós mesmos, sem que
o vinculemos a alguém que possa nos ajudar a realiza-los.
Aprendi que,
nossos sonhos, são nossos sonhos e de mais ninguém.
Aprendi que,
Amar não significa que serei amada, e que isso muda toda minha a história e minha
forma de ver, e viver a vida.
Mas aprendi
também que, o Amor não morre jamais, se transmuta, e que afeto, jamais é
desperdício de sentimento.
Aprendi que,
passar pelo tempo sem distribuir amor, solidariedade, aconchego, carinho,
respeito, consideração e todos os bons sentimentos, será passar por este
milagre, chamado Vida, e não tê-la vivido.
Ter habitado
este Planeta, repleto de possibilidades, e pessoas maravilhosas, ignorando o
que se apresenta, é viver no Mundo do Vazio.
Aprendi que,
se Deus colocou obstáculos em minha vida, é porque acreditou que eu teria
forças para transpô-los, e assim o fiz até hoje.
ELE não errou, fui eu que duvidei de mim
muitas vezes.
Aprendi que,
aos 50anos desejei Recomeçar, ou Começar a viver, levei meio século para
enxergar e assumir que desejo tudo o que puder e tiver o direito de viver.
Agora ,um
ano depois, olho para vida com outros olhos, talvez mais mansos, mais sábios,
mais desconfiados, mas com certeza, mais intensamente.
Tenho tempo...
Aprendi que
mesmo aos 51 anos, mora em mim, uma garota cheia de vontades, curiosa,
sonhadora, livre, leve e solta, que não passou dos dezoito anos, só que com uma
bagagem muito maior de consciência.
Posso tudo
que eu desejar, desde que eu me mantenha, onde acredito ser correto, senão, não
conseguiria conviver comigo mesma.
Não quero atropelar, nem usar pessoas, para
satisfazer um Ego tolo.
Quero a
consciência tranquila, de quem luta limpamente pelo que deseja, não brincando
com a vida, nem com sentimentos, permanecendo sempre naquilo que me faz bem...
Ser realmente quem sou.
Aprendi que,
assim vou caminhar pela vida, pouco importando a quantidade de anos e sim, com
a quantidade de Vida que pulsa em mim.
E desta
forma, continuarei acreditando que a vida tem muito a me oferecer, é só necessário
que eu abra os braços escancaradamente, completamente disposta, a receber e
abraçar o que me é oferecido, sem me perder da minha Essência.
Lucienne Miguel
Photo by Raquel Villela