domingo, 29 de abril de 2012

Lição...




Sou uma atenta observadora da Natureza e seus sinais.

Muitas vezes me coloco a questionar a nossa ignorância,ou nossa falta de visão,
naquilo que são, os pequenos toques que ela nos dá.

A natureza, está sempre a tentar nos ensinar, de forma sutil. 

Numa tentativa quase vã, de como podemos e devemos viver de forma mais amena, abençoada até.

Nos mostra aquilo que realmente faz sentido na vida.

Este é só um dos ensinamentos...

O Amor, na cumplicidade do olhar.

Palavras ditas e ouvidas numa troca de vivências...

A doçura, do estar frente a frente de forma verdadeira...


Um Amar forte, mas suave e dividido.

Que em meio ao nada, tudo se faz.

A essência de Amar, esculpida por Deus nas rochas... 

Para mostrar a força e a eternidade do sentimento mais puro e profundo que temos em nós.

Pequenos sinais espalhados por toda parte...

Para humanos cegos, pois ainda habitam um Mundo da Racionalidade.

Quando só seremos inteiros e completos, ao aprendermos a olhar, com os olhos da Alma. 


Lucienne Miguel



quinta-feira, 26 de abril de 2012

DIFERENTE..





Passei a olhar o Mundo de outra forma.
Consequentemente também, a olhar pessoas de forma diferente.
Não sei se é uma forma boa ou ruim, esta mudança que a vida trouxe.
Sei que algo mudou minha visão radicalmente.


Olho tudo com outros olhos...
Talvez mais dura,
Talvez mais desconfiada.
Com certeza, menos doce, menos crédula.


Olho as pessoas, com olhos de receio.
Olho as situações, com dúvidas e questionamentos.
Na verdade, meus olhos se  tornaram estranhos,
Muito diferentes do que eram.


Perderam a ingenuidade...
Perderam a esperança...
Perderam a crença...
Tornaram-se duros.


Acho que hoje, sou menos "enganável".
Aceito menos, duvido mais.
Desconfio das palavras.
Sei que atos, nem sempre são reais.


Hoje,
Sou menos doce...
Menos terna...
Menos suave.


Na verdade, não foi a vida que mudou,
Fui eu quem mudei.
Me transformei em algo, que não sei se gosto,
Mas que com certeza, me fará sofrer menos.


Na verdade, acho que eu gostava de quem eu era...
Mas isso não tem retorno.
Então sigo mais seca, 
Muito menos crente em coisas doces, que se certamente se tornarão Fel.


Lucienne Miguel


segunda-feira, 23 de abril de 2012

Imploro...




Ah!
Quero ser montanha alta, inatingível das coisas  ruins do mundo.
Olhar para as planícies, e tentar enxergar o belo, que sei que existe.
Quero ser borboleta, livre do casulo, do amor não correspondido.



Me libertar das marcas e dores...
De cicatrizes e pessoas...
Respirar calmamente, ares de Paz.



Conseguir beber da Fonte do Esquecimento.
Me banhar, nas Águas Consagradas do Despego.
Me ungir de Terra Santificada, para aquietar o coração.



Abrir os braços, para receber vida nova.
Raios de Sol, que trarão alegria e calor.
Luz da Lua, que me envolverão na magia da paz.



Quero o colo do Mundo.
Quero as forças da Natureza.
Quero as bençãos de Deus.




Assim, de braços abertos, imploro a cura da qual tanto necessito.
O fim dessa profunda dor, com a qual, não consigo mais conviver.




Lucienne Miguel








domingo, 22 de abril de 2012

VENTO!




Penso que passei da hora de abrir as portas...
Mas abrir, todas as portas.
Deixar o vento da vida entrar.
Tomar conta de tudo, me fazer voar.


Perdi tempo demais, com coisas que não valiam a pena,
Que pouco acrescentaram de bom,
Que nada somaram...
Mas que muito me subtraíram.


A distância entre sonhos e realidades é imensa.
Sonhar, idealizar, desejar,
Não são verbos que se conjugue sozinha.
Faze-lo, é dor certeira.


É hora de deixar o vento levar...
Como algo que se tornou leve,
Irrelevante e plenamente substituível.
Como pedaço de papel, que se joga ao chão.


Deixei que me usassem.
Permiti que me magoassem.
Compactuei com minha própria dor.
Fui boneca de trapo, pelo pouco valor que me dei.


O vento que hoje bate em mim,
É vento, conhecido de aconchego.
É vento, que oferece acolhida.
É vento, que sempre foi de colo amigo.


Incrivelmente, não mais acreditar, me faz leve.
Numa tranquilidade, daquele que nada espera.
Que deixa a vida traçar o rumo.
Que segue confiante no caminho que se apresenta.


Não carrego expectativas,
Nem sonhos ou devaneios.
Carrego sim, Fé na vida e em mim.
No que aprendi no falso mundo em que vivi.


Ah! Me entrego ao vento...
Respiro leve,
Solto o corpo,
Esvazio a mente.


Na esvoaçante leveza, me entrego á vida, e ao que ela me traz. 
Sem nenhum receio... Leve! 
Sigo pelas portas que abri, rumo aos caminhos que hoje vejo.
Assim, sigo o caminho do vento...


Lucienne Miguel

terça-feira, 17 de abril de 2012

Leve!



Estranhamente, me encontro em paz...
Imaginei, que me manteria muito tempo na dor.
Mas algo aconteceu em mim...
A leveza, veio sem aviso, para me fazer tranquila.


Acredito que seja algo que só se encontra na Aceitação,
No perfeito entendimento do que nos rodeia.
Na imensidão da Fé, que jamais me abandona.
No amparo que vem lá de cima.


De estraçalhada a refeita, rapidamente.
Me sinto inteira e leve.
Me sinto numa tranquilidade que não conhecia.
Uma coisa doce e mansa... Deliciosamente mansa.


Hoje estou flutuando...
Sem peso e sem dor.
Sem angústia e sem mágoas.
Estou limpa, completamente limpa.


Ah! Quem dera eu pudesse espalhar isso a todos!
Como num passe de mágica, tudo de ruim se fosse.
E somente os sentimentos mansos e tranquilos permanecessem.
Na exata leveza de viver.


Sei que é impossível.
Cada um tem sua busca, seu modo de ver e agir.
Suas crenças e sua força.
Suas escolhas e como as enfrenta.


Na minha suavidade interior,
Vou flutuando nesse mundo de paz que me rodeia.
Feliz por ter conseguido.
Mas atenta, para não perde-la.



Lucienne Miguel

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Mãe Maria




No momento em que meus olhos cruzaram os seus, nublados pelo tempo,
um sorriso brotou em você, numa boca sem dentes, que encheu o meu peito de carinho.
Fui em sua direção, certa de que eu quem a acolheria, ouviria suas histórias e seus lamentos de abandono.
Mal sabia eu, que ali eu não estava para doar, mas para receber.
Das suas mãos Mãe Preta, recebi carinho de mãe de sangue.
De sua boca, ensinamentos que jamais esquecerei.
Palavras tão sábias me foram ditas, por alguém que nem ao menos sabia escrever.

Me ensinou a força da Fé, a me apegar no Rosário.
Me ensinou que a vida é dolorida sim, mas que valia a pena cada segundo.
Me ensinou a coragem, de lutar e não desistir.
Brincava de fazer premonições de coisas lindas para minha vida, e eu fingia que acreditava.
Como ríamos das nossas bobagens!
Quantas vezes aos teus pés fiquei a ouvir cantigas de roça que você inventava e jurava que existiam.

Me contou sua linda história de amor, e de como esperava o dia da partida, ansiosa
pelo reencontro do amado Josué.
Um amor tão lindo, que nem a morte matou.
Todas as dores pelas quais passou, foram leves, enquanto juntos.
Linda história, que a miséria compartilhada só fortaleceu .
Me fez acreditar, que o amor existia mesmo.

Um dia me disse, que nasci branca por engano de Deus, pois só negros iam para o tronco.
Engano seu mãe preta, brancos também vão.
Da chibata da vida, eu não escapei.
Quantas vezes foi no teu colo que chorei?
Quantas vezes cheguei pulando de alegria e você gargalhava com a minha bobeira.
Eu te contava as alegrias e dores do meu amor, mas não lia em seus olhos o que não tinha coragem para me dizer.
Estava feliz demais... para logo voltar triste e cheia de dúvidas.
Na sua sabedoria, você sabia o fim de tudo.
Eu não. 

No nosso último encontro, eu estava despedaçada.
Foi para teu colo que corri.
Mais uma vez o aconchego e o carinho que me deu, me aquietaram a alma.
Sinto tua mão nos meus cabelos...
Sua voz a me dizer que tudo ia ficar bem, porque tinha conversado sério com Deus,
e que Ele tinha dito que minha felicidade estava chegando.
Ri de você, não é?

Me perdoe mãe Maria, não vi a morte te rondando.
Talvez porque em mim, te fiz eterna...
Hoje, rogo a Deus pelo seu lindo e esperado, encontro de amor.
Rogo, para que Ele te permita que a senhora, se vista de branco, com margaridinhas, para rever seu amado, tal como imaginava que seria.

De todas as perdas por que tenho passado, esta talvez tenha sido a pior.
Mas ao te olhar dormindo, vi que sorria.
Ele veio te buscar, não é?

Sei que de onde estiver, estará sempre em mim.

Festeje Minha Nega linda, pois com certeza o céu está em festa com tua chegada.
A nós que ficamos, só resta sentir o vazio que deixou.
Hoje mãe, mais só estou no meu caminho, mas quem sabe um dia, suas previsões se façam.

Adeus Mãe Negra... Seja Feliz!


Lucienne Miguel

Para Maria Clotilde, minha Mãe.


terça-feira, 10 de abril de 2012

A Bailar no Palco da Vida





Descobri que posso ir além de mim...
Me dobrar ao meio, sem me partir.
Sem me desviar de quem sou.



Descobri, que sou forte o bastante para qualquer peso.
Não enlouqueço fácil,
Nem se, em alguns momentos, 
Eu me perca no passo da dança, acabo achando o ritmo certo.



Surge a minha mente,
O quanto chorar é incoerente,
E tornar a sorrir, é urgência,
Na apresentação do Palco da Vida.






A beleza da maleabilidade que encanta,
Que nos faz adaptáveis, aos esgar dos músculos.
Em doces e leves movimentos, chegamos ao apogeu,
De uma admirável e linda postura.




Na beleza da dança que se faz,
No gestual de reverencia a vida,
No encanto em que se planta e se doa...



Faço questão de dançar Amor...
Bailar Com-paixão...
Me movimentar... Compreensão.




E na Dança da Vida,
Braços se tornam asas, para pés que levitam...
Ninguém, consegue me derrubar.
Poi isso, nem tentem.
Nem as farpas do chão que piso, me fazem parar.



Continuo a Bailar, na certeza de estar dando o melhor de mim.
Se me perco, é para logo me achar, 
Nesta solitária e intensa magia do Palco em que me apresento.
Sempre, sem mãos a me sustentarem.
As mesmas que um dia eu segurei, para não irem ao chão.




  
Sei o valor do que carrego em mim,
Tanto como sei, o que não mereço arrastar.
Levo em mim, suaves  e encantados adereços,
Aos quais dou o nome de Adornos dos Sentimentos.






Lucienne Miguel















De joelhos...





Perante a vida me ajoelho, em muitas variantes.




É dessa forma que agradeço...
Que peço...
Que rogo...
Que questiono...





É desta forma, que recebo respostas.
É assim, que meu coração se aquieta.
É deste modo, que me sinto perto de compreender, a mim e aos outros.






Vivo, numa louca tentativa para aceitar a maldade,
Vê-la como parte integrante de muitos seres.
Só a compreendendo, poderei perdoá-la.






Mais uma vez, me ajoelho perante a vida,
Numa quietude só minha.
Na busca da paz que me habita.
Na cura de mais uma facada.






Na tentativa de entendimento que retorna.
Nos mil questionamentos, que me faço neste momento.
Na busca de me fazer inteira novamente.  
Num bom encontro de mim, comigo mesma.






Ajoelhada, clamante e só...
No silencio, encontrarei o que busco,
E mesmo, ainda que ferida e dolorida, levanto e caminho pela vida afora.
Tentando me limpar, da sujeira das falsidades que contaminam.






Tudo foi só mais um engano...
Mais um engodo...
Mais uma fraude...
Mentiras, não cabem no meu caminhar.
Há muito, escolhi ser limpa, translúcida e assim sigo.






Lucienne Miguel