domingo, 8 de janeiro de 2012

Minhas Botinas



Minhas velhas botinas...
Tão surradas, quanto fui em minha jornada,
Mas ainda fortes, para novas caminhadas.

Ao olhar para elas, revejo o passado.
Um passado que não dói mais,
Que o tempo, deu conforto.

Mostram em sua aparência,
O quanto foram usadas,
Nas longas trilhas e morros escarpados,
Nos duros caminhos que trilhei para chegar aqui.

Para muitos, o lugar delas seria o lixo,
Para mim, uma maneira de guardar  lembranças,
Como cicatrizes que se carrega, 
Lembranças de feridas que não doem mais,
Mas que me fazem lembrar de quantas batalhas venci.

Fui ferida sim!
Como devo ter ferido também.
Mas cada marca tem uma história,
Cada história, um aprendizado,
Cada aprendizado, mais Sabedoria.

Minhas velhas e companheiras botinas...
Me protegeram dos espinhos que tive que pisar,
Me deram sustentação,
Evitaram que eu escorregasse.

Tão parecidas comigo...
Apesar das marcas, não perderam sua força.
Ainda são o que são... Botinas.
Eu, ainda sou o que sou.

Nem uma , nem outra, perderam a essência,
Ela ainda é Força e Proteção,
Eu, Crença e Amor.
Juntas, fomos imbatíveis.

Joga-las fora, seria livrar-me de algo que é parte de mim.

Resolvi fazer com elas o mesmo que resolvi fazer comigo.
Guardar os aprendizados,
Mas, não deixar que dores me exterminem.
Que sejam só lembranças...

Por isso nela plantei flores.
Para que eu nunca me esqueça,
Do quanto foi bom ter tentado sempre,
Do quanto é lindo ter aprendido tudo o que hoje sei, 
E que carregarei eternamente em mim,

Ter conhecido o tamanho da minha força,
A dimensão do Amor que me habita,
A imensidão da Fé que carrego,
E que, apesar de tudo que me foi tirado,
Tenho muito, muito ainda a oferecer.

Por isso, em minhas velhas botinas plantei flores,
Para reverenciar eternamente,
A essência que não perdi...


Lucienne Miguel
  


Nenhum comentário:

Postar um comentário