sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

IRREAL



Na minha solidão, tenho sonhos de acolhida,
Que nunca se concretizam.
Que me fazem caminhar, sem ter onde aportar.


Sou eu quem acolhe.
Sou eu quem compreende.
Sou eu quem se doa.


Imagino que deva ser bom ser aconchegada,
Cuidada ... Amada.
Dentro dos loucos sonhos de divisão que tenho.


Quando dói eu me tranco,
Vou para um lugar só meu,
Onde tento me curar do que machuca.


Talvez o que eu ofereça, 
Seja pouco demais.
Ou grande em demasia, nem sei mais.


Na verdade, não cabe a ninguém...


No meu pequeno esconderijo,
Me vejo refletida em águas transparentes,
Um olhar triste de desejos pendentes.


Neste canto que me acolhe,
Sou quem sou, 
E ele nada me pede.


Ele sim me oferece,
O que de bom há na vida.
Aqui, encontro a paz que desejo.


Queria que ele tivesse braços,
Para que seu abraço fosse real.
Mas onde me aconchego, é um mundo irreal.


Aqui, me sinto bem,
Talvez  seja por me sentir aceita,
Por me sentir livre.


Aqui, ninguém me tolhe o viver,
Nem me atinge,
Me fazendo um nada, a sofrer.


Meu lindo canto da fuga,
Onde um dia vou morar para sempre,
Ainda é o único lugar que me sinto plena.


Na verdade, 
No mundo da realidade,
Sou objeto, não um ser.


Aqui, sou puro sentir,
Acolhida e Aconchegada,
Integrante da natureza,
Ser vivo e reluzente,
Transparente,
Como a água em que mergulho. 


Lucienne Miguel 







  



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